O que esperar de um documentário chamado “Salvando o Capitalismo”? Sem querer entrar no mérito de questões sobre posições políticas, o mínimo que se espera de uma obra com esse nome é não apenas apontar problemas, mas sim trazer sugestões de possíveis soluções para um sistema que parece não estar funcionando muito bem, pelo menos para maioria da população.
No documentário, o ex-secretário do Trabalho dos Estados Unidos Robert Reich se encontra com diversos americanos, sejam eles republicanos ou democratas, conservadores ou progressistas, para discutir os problemas econômicos que o livre mercado e o Capitalismo estão trazendo para a sua nação. Como pode uma nação tão poderosa estar colocando a maioria do seu povo na linha de baixo da pirâmide?
Para os que começaram a descobrir como funciona esse sistema e quais são os problemas inerentes a este modelo econômico, “Salvando o Capitalismo” pode servir como uma “aula básica” para que o espectador comece a perceber como a roda do livre mercado tem girado nos Estados Unidos (nada muito diferente do que se vê em outros países). Inclusive os gráficos comparativos que são exibidos contribuem bastante para dar noções sobre o tamanho do problema.
Infelizmente, para os que esperam como o título sugere, encontrar alguma saída ou possível solução para estes problemas, ou melhor, uma forma de fazer o Capitalismo funcionar de uma maneira mais justa – utopia como sempre tendo lugar cativo nas produções audiovisuais – , digamos assim, nada de muito interessante vai encontrar nesta produção.
Robert Reich parece mais interessado em apontar o óbvio e tentar se desculpar por não ter conseguido entregar um melhor país – enquanto trabalhou no governo Clinton – para os jovens que estão tendo que enfrentar de frente um sistema que não dá espaço e nem o valor devido a eles, do que propriamente trazer alguma proposta concreta para combater a desigualdade social que é o ponto central de todos os problemas atuais americanos. As sugestões que o documentário apresenta (ex: todos liguem para seus deputados e comecem a cobrar soluções) ou são inócuas ou generalistas como, por exemplo, sugerir que os jovens tenham esperança e se unam para combater o grande mal. Parece até Star Wars, e pelas últimas semanas já vimos que nem isso tem sido unanimidade.
Ficar apenas apontando os problemas do Capitalismo e do livre mercado e não entregar nada plausível que possa ser feito em uma obra chamada “Salvando o Capitalismo” é, infelizmente, lugar comum nestes anos 10. Tempos em que chamar a atenção para o óbvio sem trazer nada de interessante ou que agregue algo de concreto e útil parece ter virado padrão. E há quem diga que estamos na era da Informação.
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